Home / Geral / O conflito entre Índia e Paquistão em 7 respostas

O conflito entre Índia e Paquistão em 7 respostas

    Índice

    Índice

São rivais históricos e duas potências nucleares. A tensão aumentou nas últimas semanas entre a Índia e o Paquistão, nomeadamente na região de Caxemira, que ambos os países reivindicam e que está dividida em três zonas: uma indiana, outra paquistanesa e ainda uma chinesa. As discordâncias já duram desde a independência das duas nações do Império Britânico, em 1947, e, desde aí, houve vários confrontos diretos entre os dois Estados asiáticos. Mas o ataque e a morte de 26 pessoas numa estância turística na Caxemira indiana a 22 de abril de 2025 e a retaliação da Índia na madrugada desta quarta-feira voltaram a levantar os fantasmas de uma possível guerra — que poderia ser nuclear. 

Como está Caxemira dividida?

O Paquistão e a Índia nunca normalizaram plenamente as relações desde 1947 e a relação deteriorou-se nos últimos anos. Caxemira é o principal ponto de discórdia entre os dois países, numa dinâmica constante de desestabilização — que inclui atentados, violência e uma forte desconfiança entre as duas partes.

Após o primeiro conflito armado entre a Índia e o Paquistão, que terminou em 1949, os dois países chegaram a um acordo para a divisão do território. A Linha de Controlo, com cerca de 770 quilómetros de extensão, separa os territórios de Caxemira administrados pela Índia e pelo Paquistão, existindo ainda divisões dos dois países com a China.

GettyImages-2212201987

A divisão de Caxemira (a rosa controlada pela Índia, a azul controlada pelo Paquistão e a amarela controlada pela China)

AFP via Getty Images

Como começou a tensão das últimas semanas entre a Índia e o Paquistão?

A 22 de abril, numa estância turística em de Pahalgam (conhecida pelas suas montanhas e considerada uma “Pequena Suíça”), localizada na Caxemira administrada pela Índia, quatro militantes da Frente da Resistência levaram a cabo um ataque, que foi depois reivindicado pelo grupo. Um total de 26 homens foram alvejados, 25 dos quais cidadãos indianos hindus.

Em resposta, a Índia acusou o Paquistão de estar por trás do ataque e de ter apoiado a Frente da Resistência, um grupo relativamente desconhecido que tem atacado alvos hindus na Caxemira indiana. Segundo a Reuters, existem várias ligações entre aquela organização e o Lashkar-e-Taiba — outro grupo, este considerado terrorista pelo Ocidente, que tem como objetivo a expulsão dos hindus de Caxemira e que já levou a cabo atentados dentro da Índia, em cidades como Bombaim.

Por sua vez, as autoridades paquistanesas recusaram qualquer responsabilidade no atentado de 22 de abril. O Paquistão nunca escondeu que já forneceu apoio moral e diplomático a diferentes grupos de militantes, mas esclareceu que nunca lhes forneceu armas ou os treinou. Para o provar, o ministro da Defesa paquistanês, Khawaja Muhammad Asif, assegurou que o país “está pronto para colaborar” com uma investigação independente e realizada por uma entidade internacional neutra.

GettyImages-2213236401

Ataque a estância turísticas levou a aumento da tensão entre a Índia e o Paquistão

NurPhoto via Getty Images

A Índia não ficou satisfeita com os esclarecimentos. O ministro da Defesa indiano, Rajnath Singh, garantiu que Nova Deli vai manter uma “política de tolerância zero contra o terrorismo”. “Não vamos apenas atrás daqueles que perpetraram este incidente, nós vamos atingir aqueles que, sentados atrás das cortinas, conspiraram para pôr em prática um ato nefasto no solo da Índia”, avisou, num claro recado para o Paquistão.

Retaliações e trocas de acusação: como foram as primeiras reações aos atentados?

Antes dos ataques da madrugada desta quarta-feira, a Índia deixou várias ameaças. Num discurso à nação dois dias depois do atentado em Pahalgam, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, prometeu que o país ia “identificar, rastrear e punir todos os terroristas e os seus apoiantes”. “Vamos persegui-los até aos confins da Terra”, ameaçou, clarificando que os “terroristas que mataram, bem como os seus apoiantes, vão ter um castigo maior do que podem imaginar”. Até esta quarta-feira, os quatro homens que levaram a cabo o ataque ainda estão a monte.

Além da escalada da retórica, a Índia também tomou medidas contra o Paquistão. Deu 48 horas para que todos os cidadãos paquistaneses saíssem de território indiano e suspendeu a emissão de vistos. Nova Deli fechou também fronteiras e expulsou diplomatas do Paquistão, classificando cada um deles como persona non grata. E suspendeu a sua participação num tratado de partilha de água — o do Indo. Essa suspensão altera os caudais dos rios e pode criar graves perturbações no abastecimento de água em território paquistanês.

“Vamos persegui-los até aos confins da Terra. Terroristas que mataram, bem como os seus apoiantes, vão ter um castigo maior do que podem imaginar.”
Primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, sobre os atacantes do atentando de 22 de abril

A Índia não ficou por aqui. Iniciou também exercícios militares perto da Linha de Controlo e reforçou a sua presença na região, num demonstração de força às autoridades paquistanesas. No ar, ficou sempre a possibilidade de atingir alvos do seu rival histórico e exigia que este provasse de forma “credível e inequívoca” que não teve nada a ver com o atentando.

Por seu turno, o Paquistão criticava duramente o “padrão de aventurismo militar” indiano. “Previsivelmente, momentos depois do recente ataque, a Índia começou a fazer alegações enganosas e sem sustentação contra o Paquistão — sem apresentar qualquer prova ou sem ter começado qualquer investigação credível”, acusou a missão permanente paquistanesa na Organização das Nações Unidas, numa comunicado publicado no X, onde recusou novamente qualquer implicação do país no atentado de 22 de abril.

No mesmo comunicado, a missão paquistanesa indicava que não desejava “qualquer escalada”, mas assegurava que o país estava “totalmente pronto para defender a sua soberania e integridade territorial”: “Caso a Índia recorra a uma agressão, o Paquistão vai exercer o seu direito à legítima defesa”. Avisava também que a suspensão do tratado do Indo podia ser considerado um “ato de guerra” e prometia agir se Nova Deli agravasse a situação.

Tal como a Índia, o Paquistão reforçou a sua presença militar perto da Linha de Controlo. Na mesma medida, o governo paquistanês expulsou cidadãos indianos de território paquistanês, cancelou a emissão de vistos, considerou diplomatas personae non gratae e suspendeu as trocas comerciais com a Índia.

Como foi a escalada da madrugada desta quarta-feira?

Na Linha de Controlo, houve várias provocações militares nos últimos dias. Os dois países aumentaram a segurança interna da parte de Caxemira que ocupam e detiveram dissidentes e possíveis inimigos. Havia no ar a sensação de que um ataque estaria iminente — e, esta quarta-feira, acabou mesmo por concretizar-se: a Índia levou a cabo ataques aéreos em território paquistanês.

O executivo indiano justificou os ataques denunciando que o Paquistão não tinha feito nada para investigar o atentando e para travar os grupos dentro do seu território. “Apesar de terem passado duas semanas desde os ataques, não há provas de que o Paquistão tenha tomado medidas contra as infraestruturas terroristas no seu território ou sob o seu controlo”, afirmou um dos responsáveis dos Negócios Estrangeiros indiano, Vikram Misri.

epa12079178 People move the body of a victim at the scene of India's missile strike in Muridke, Punjab province, Pakistan, 07 May 2025. The Indian government said it conducted military strikes on nine sites in Pakistan in retaliation for a deadly militant attack on tourists in Kashmir.  EPA/RAHAT DAR

Resultado dos ataques indianos

RAHAT DAR/EPA

O diplomata alegou ainda que os serviços secretos indianos preveem novos ataques contra a Índia por parte de células terroristas com base no Paquistão, o que criou uma “obrigação tanto de dissuadir como de prevenir”. Neste contexto, a Índia exerceu o direito de resposta, argumentou Vikram Misri, destacando que as ações foram “proporcionais e responsáveis”, centradas no desmantelamento das infraestruturas terroristas e na neutralização dos terroristas que tentam atravessar a fronteira.

A Índia lançou a operação a que deu o nome “Sindoor” (vermelhão, em português, numa referência à marca que as mulheres hindus casadas usam na testa, como homenagem às viúvas do atentado de 22 de abril) de resposta ao Paquistão. Garantiu que atacou nove locais em que estavam instaladas “infraestruturas terroristas”, assegurando que não atingiu civis, nem mesmo bases militares de Islamabad. “As ações foram focadas, mensuradas e não representam uma escalada”, frisou Vikram Misri.

Já as Forças Armadas paquistanesas negam esta versão. O porta-voz, Ahmed Sharif Chaudhry, indicou que morreram 26 pessoas e 46 ficaram feridas durante os ataques, incluindo duas crianças. Os mísseis indianos, salientou o responsável militar, atingiram dois alvos na região paquistanesa de Pubjab e dois alvos na Caxemira administrada pelo Paquistão. Para além disso, Islamabad acusou a Índia de destruir propositadamente mesquitas.

epa12079521 Indian Foreign Secretary Vikram Misri briefs the media about the 'Operation Sindoor' at the National Media center in New Delhi, India, 07 May 2025. The Indian government said it had carried out military strikes on nine sites in Pakistan in retaliation for the deadly militant attack on tourists in the popular tourist resort of Pahalgam in south Kashmir on 22 April 2025, which left 26 dead and several injured.  EPA/HARISH TYAGI

Lançamento da operação indiana Sindoor

HARISH TYAGI/EPA

Numa retaliação imediata, o Paquistão referiu que abateu cinco caças indianos, incluindo três caças Rafale — um dos modelos mais sofisticados que a Índia tem na sua Força Aérea. Até ao momento, o governo indiano ainda não confirmou estas informações.

Como começou a rivalidade entre a Índia e o Paquistão por Caxemira?

As ações mais recentes foram mais uma demonstração da animosidade histórica entre os dois países, que fizeram parte do Império Britânico. No processo de descolonização iniciado após a Segunda Guerra Mundial, o Reino Unido aceitou, em 1947, conceder independência a várias colónias. No sul da Ásia, os britânicos decidiram chegar a acordo e fazer a chamda “Partição”: criou dois estados, um de maioria hindu (a Índia), outro de maioria muçulmana (o Paquistão). Este último incluía não só o que corresponde hoje ao território paquistanês, como também uma região a leste da Índia — que hoje em dia é o Bangladesh.

Porém, a situação de Caxemira ficou indefinida. No Império Britânico, a região era um principado com relativa autonomia, apesar de cooperar com as autoridades da metrópole. Na divisão entre Índia e Paquistão, a Caxemira ficou de parte, cabendo ao marajá Hari Singh escolher a que país desejava pertencer. O líder preferiu manter uma abordagem neutral e esperar algum tempo até tomar uma decisão — mas o governo paquistanês apressou-se e invadiu a zona.

GettyImages-3248171

Hari Singh, o marajá de Caxemira

Getty Images

Tendo em conta as divisões marcadas pelas diferenças religiosas, o Paquistão justificou a invasão com o facto de a maioria da população de Caxemira ser muçulmana e desejar integrar o país. No entanto, o marajá, que era hindu, recusou entregar o território aos paquistaneses e essa opção obrigou-o a procurar o apoio militar da Índia. Em troca, os indianos exigiram que Caxemira integrasse o país, algo a que Hari Singh não se opôs.

Foi o início de uma guerra em 1947. Tal como ficou prometido pelo marajá, a Índia tinha o direito de anexar Caxemira. Em contrapartida, o Paquistão alegava que maioria da população era muçulmana e, à luz das divisões dos britânicos, fazia sentido que fosse a região fosse integrada no país. Com base nestas posições divergentes, os dois países envolveram-se num conflito sangrento, mas pediram ajuda, em janeiro de 1949, à Organização das Nações Unidas (ONU) para alcançar a um cessar-fogo. A solução foi a atual Linha de Controlo, que vigora até hoje.

Como se desenvolveu o conflito ao longo dos anos?

A solução encontrada pela ONU trouxe um cessar-fogo. Mas este era frequentemente violado por ambas as partes e a desconfiança mantinha-se. Algo que irritou particularmente a Índia aconteceu no início dos anos 60, quando o Paquistão cedeu partes da Caxemira à China, que sempre teve ambições territoriais na região. No entanto, os sucessivos governos indianos recusaram aceitar esse acordo — e dizem que configurou uma violação à sua soberania.

GettyImages-105068629

Guerrilheiros paquistaneses invadiram Caxemira e tentaram controlar a região em 1965

Getty Images

Em agosto de 1965, a situação piora com o início da segunda guerra entre a Índia e o Paquistão. Guerrilheiros paquistaneses invadem Caxemira e tentam controlar a região. A Índia tem sucesso em travar a ofensiva, mas a mesma só fica oficialmente resolvida em janeiro de 1966 com a assinatura do tratado de Tashkent. E, mesmo num mundo que vivia uma Guerra Fria, a União Soviética e os Estados Unidos desincentivaram os dois lados a iniciar um conflito mais amplo.

Com duas regiões desconexas e divididas geograficamente pela Índia, havia alguns movimentos que desejavam a independência do antigo Paquistão Oriental em relação ao Ocidental. As autoridades indianas não perderam oportunidade de debilitar ainda mais o seu rival e apoiaram militarmente os grupos independentistas na Guerra de Libertação do Bangladesh. O governo central em Islamabad acabou derrotado em 1971, acabando por conceder a independência à região mais oriental do país.

Esta influência indiana na guerra do Bangladesh ainda gerou uma maior animosidade entre as duas partes, que se prolongou nas décadas seguintes. Em 1999, por exemplo, o Paquistão apoiou a infiltração de combatentes na Caxemira administrada pela Índia, desencadeando o conflito de Kargil, numa tentativa de alterar o controlo territorial naquela zona de Caxemira. A Índia voltou a responder, lançando uma operação militar que acabou por ter bastante sucesso.

GettyImages-50661115

Soldados paquistaneses na guerra entre Paquistão e Índia em 1999

Getty Images

Os problemas na fronteira das Caxemiras repetiram-se ao longo dos anos. Em 2019, perante a instabilidade existente e de um ataque terrorista, a Índia decidiu retirar a autonomia que concedia à região e o governo central passou a controlá-la diretamente, uma ação que foi criticada pelo Paquistão e também pela população da Caxemira indiana. Desde aí, Nova Deli tem-se esforçado em transformar aquela região num paraíso turístico, num esforço de normalização que acarreta vários desafios de segurança.

Tudo leva a crer que a Índia foi apanhada desprevenida pelos ataques de 22 de abril, apesar da forte presença policial na região. O governo indiano já admitiu os deslizes da segurança, que foram aproveitados pela Frente da Resistência. “Falhámos totalmente [em apurar] as intenções do nosso vizinho hostil”, comentou à Associated Press, Avinash Mohananey, antigo membro das secretas indianas. “Provavelmente, começámos a acreditar na nossa própria narrativa de que as coisas estavam a correr normalmente em Caxemira.”

Quantas ogivas nucleares têm a Índia e o Paquistão?

Algo que faz preocupar o mundo sempre que a tensão se intensifica entre a Índia e o Paquistão é o facto de os dois países terem ogivas nucleares. Desde praticamente a sua fundação, os dois países desenvolveram programas nucleares, tendo como pano de fundo o conflito entre os dois e com outras potências.

Polícias paquistaneses vigiam a fronteira com a Índia

RAHAT DAR/EPA

Segundo dados do Instituto Internacional pela Pesquisa da Paz em Estocolmo, a Índia possui 172 ogivas nucleares, enquanto o Paquistão 170. Segundo um relatório daquele órgão, os dois países continuam a desenvolver o seu arsenal nuclear, ainda que a Índia esteja também a fazê-lo por estar preocupada com o poderio da China.

Nenhum dos países é signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, o que implica que nem a Índia, nem o Paquistão se comprometeram a não usar aquele armamento no futuro.

    Índice

    Índice

São rivais históricos e duas potências nucleares. A tensão aumentou nas últimas semanas entre a Índia e o Paquistão, nomeadamente na região de Caxemira, que ambos os países reivindicam e que está dividida em três zonas: uma indiana, outra paquistanesa e ainda uma chinesa. As discordâncias já duram desde a independência das duas nações do Império Britânico, em 1947, e, desde aí, houve vários confrontos diretos entre os dois Estados asiáticos. Mas o ataque e a morte de 26 pessoas numa estância turística na Caxemira indiana a 22 de abril de 2025 e a retaliação da Índia na madrugada desta quarta-feira voltaram a levantar os fantasmas de uma possível guerra — que poderia ser nuclear. 

Como está Caxemira dividida?

O Paquistão e a Índia nunca normalizaram plenamente as relações desde 1947 e a relação deteriorou-se nos últimos anos. Caxemira é o principal ponto de discórdia entre os dois países, numa dinâmica constante de desestabilização — que inclui atentados, violência e uma forte desconfiança entre as duas partes.

Após o primeiro conflito armado entre a Índia e o Paquistão, que terminou em 1949, os dois países chegaram a um acordo para a divisão do território. A Linha de Controlo, com cerca de 770 quilómetros de extensão, separa os territórios de Caxemira administrados pela Índia e pelo Paquistão, existindo ainda divisões dos dois países com a China.

São rivais históricos e duas potências nucleares. A tensão aumentou nas últimas semanas entre a Índia e o Paquistão, nomeadamente na região de Caxemira, que ambos os países reivindicam e que está dividida em três zonas: uma indiana, outra paquistanesa e ainda uma chinesa. As discordâncias já duram desde a independência das duas nações do Império Britânico, em 1947, e, desde aí, houve vários confrontos diretos entre os dois Estados asiáticos. Mas o ataque e a morte de 26 pessoas numa estância turística na Caxemira indiana a 22 de abril de 2025 e a retaliação da Índia na madrugada desta quarta-feira voltaram a levantar os fantasmas de uma possível guerra — que poderia ser nuclear. 

Como está Caxemira dividida?

O Paquistão e a Índia nunca normalizaram plenamente as relações desde 1947 e a relação deteriorou-se nos últimos anos. Caxemira é o principal ponto de discórdia entre os dois países, numa dinâmica constante de desestabilização — que inclui atentados, violência e uma forte desconfiança entre as duas partes.

Após o primeiro conflito armado entre a Índia e o Paquistão, que terminou em 1949, os dois países chegaram a um acordo para a divisão do território. A Linha de Controlo, com cerca de 770 quilómetros de extensão, separa os territórios de Caxemira administrados pela Índia e pelo Paquistão, existindo ainda divisões dos dois países com a China.

Como começou a tensão das últimas semanas entre a Índia e o Paquistão?

A 22 de abril, numa estância turística em de Pahalgam (conhecida pelas suas montanhas e considerada uma “Pequena Suíça”), localizada na Caxemira administrada pela Índia, quatro militantes da Frente da Resistência levaram a cabo um ataque, que foi depois reivindicado pelo grupo. Um total de 26 homens foram alvejados, 25 dos quais cidadãos indianos hindus.

Em resposta, a Índia acusou o Paquistão de estar por trás do ataque e de ter apoiado a Frente da Resistência, um grupo relativamente desconhecido que tem atacado alvos hindus na Caxemira indiana. Segundo a Reuters, existem várias ligações entre aquela organização e o Lashkar-e-Taiba — outro grupo, este considerado terrorista pelo Ocidente, que tem como objetivo a expulsão dos hindus de Caxemira e que já levou a cabo atentados dentro da Índia, em cidades como Bombaim.

Por sua vez, as autoridades paquistanesas recusaram qualquer responsabilidade no atentado de 22 de abril. O Paquistão nunca escondeu que já forneceu apoio moral e diplomático a diferentes grupos de militantes, mas esclareceu que nunca lhes forneceu armas ou os treinou. Para o provar, o ministro da Defesa paquistanês, Khawaja Muhammad Asif, assegurou que o país “está pronto para colaborar” com uma investigação independente e realizada por uma entidade internacional neutra.

Como começou a tensão das últimas semanas entre a Índia e o Paquistão?

A 22 de abril, numa estância turística em de Pahalgam (conhecida pelas suas montanhas e considerada uma “Pequena Suíça”), localizada na Caxemira administrada pela Índia, quatro militantes da Frente da Resistência levaram a cabo um ataque, que foi depois reivindicado pelo grupo. Um total de 26 homens foram alvejados, 25 dos quais cidadãos indianos hindus.

Em resposta, a Índia acusou o Paquistão de estar por trás do ataque e de ter apoiado a Frente da Resistência, um grupo relativamente desconhecido que tem atacado alvos hindus na Caxemira indiana. Segundo a Reuters, existem várias ligações entre aquela organização e o Lashkar-e-Taiba — outro grupo, este considerado terrorista pelo Ocidente, que tem como objetivo a expulsão dos hindus de Caxemira e que já levou a cabo atentados dentro da Índia, em cidades como Bombaim.

Por sua vez, as autoridades paquistanesas recusaram qualquer responsabilidade no atentado de 22 de abril. O Paquistão nunca escondeu que já forneceu apoio moral e diplomático a diferentes grupos de militantes, mas esclareceu que nunca lhes forneceu armas ou os treinou. Para o provar, o ministro da Defesa paquistanês, Khawaja Muhammad Asif, assegurou que o país “está pronto para colaborar” com uma investigação independente e realizada por uma entidade internacional neutra.

A Índia não ficou satisfeita com os esclarecimentos. O ministro da Defesa indiano, Rajnath Singh, garantiu que Nova Deli vai manter uma “política de tolerância zero contra o terrorismo”. “Não vamos apenas atrás daqueles que perpetraram este incidente, nós vamos atingir aqueles que, sentados atrás das cortinas, conspiraram para pôr em prática um ato nefasto no solo da Índia”, avisou, num claro recado para o Paquistão.

Retaliações e trocas de acusação: como foram as primeiras reações aos atentados?

Antes dos ataques da madrugada desta quarta-feira, a Índia deixou várias ameaças. Num discurso à nação dois dias depois do atentado em Pahalgam, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, prometeu que o país ia “identificar, rastrear e punir todos os terroristas e os seus apoiantes”. “Vamos persegui-los até aos confins da Terra”, ameaçou, clarificando que os “terroristas que mataram, bem como os seus apoiantes, vão ter um castigo maior do que podem imaginar”. Até esta quarta-feira, os quatro homens que levaram a cabo o ataque ainda estão a monte.

Além da escalada da retórica, a Índia também tomou medidas contra o Paquistão. Deu 48 horas para que todos os cidadãos paquistaneses saíssem de território indiano e suspendeu a emissão de vistos. Nova Deli fechou também fronteiras e expulsou diplomatas do Paquistão, classificando cada um deles como persona non grata. E suspendeu a sua participação num tratado de partilha de água — o do Indo. Essa suspensão altera os caudais dos rios e pode criar graves perturbações no abastecimento de água em território paquistanês.

A Índia não ficou satisfeita com os esclarecimentos. O ministro da Defesa indiano, Rajnath Singh, garantiu que Nova Deli vai manter uma “política de tolerância zero contra o terrorismo”. “Não vamos apenas atrás daqueles que perpetraram este incidente, nós vamos atingir aqueles que, sentados atrás das cortinas, conspiraram para pôr em prática um ato nefasto no solo da Índia”, avisou, num claro recado para o Paquistão.

Retaliações e trocas de acusação: como foram as primeiras reações aos atentados?

Antes dos ataques da madrugada desta quarta-feira, a Índia deixou várias ameaças. Num discurso à nação dois dias depois do atentado em Pahalgam, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, prometeu que o país ia “identificar, rastrear e punir todos os terroristas e os seus apoiantes”. “Vamos persegui-los até aos confins da Terra”, ameaçou, clarificando que os “terroristas que mataram, bem como os seus apoiantes, vão ter um castigo maior do que podem imaginar”. Até esta quarta-feira, os quatro homens que levaram a cabo o ataque ainda estão a monte.

Além da escalada da retórica, a Índia também tomou medidas contra o Paquistão. Deu 48 horas para que todos os cidadãos paquistaneses saíssem de território indiano e suspendeu a emissão de vistos. Nova Deli fechou também fronteiras e expulsou diplomatas do Paquistão, classificando cada um deles como persona non grata. E suspendeu a sua participação num tratado de partilha de água — o do Indo. Essa suspensão altera os caudais dos rios e pode criar graves perturbações no abastecimento de água em território paquistanês.

A Índia não ficou por aqui. Iniciou também exercícios militares perto da Linha de Controlo e reforçou a sua presença na região, num demonstração de força às autoridades paquistanesas. No ar, ficou sempre a possibilidade de atingir alvos do seu rival histórico e exigia que este provasse de forma “credível e inequívoca” que não teve nada a ver com o atentando.

Por seu turno, o Paquistão criticava duramente o “padrão de aventurismo militar” indiano. “Previsivelmente, momentos depois do recente ataque, a Índia começou a fazer alegações enganosas e sem sustentação contra o Paquistão — sem apresentar qualquer prova ou sem ter começado qualquer investigação credível”, acusou a missão permanente paquistanesa na Organização das Nações Unidas, numa comunicado publicado no X, onde recusou novamente qualquer implicação do país no atentado de 22 de abril.

No mesmo comunicado, a missão paquistanesa indicava que não desejava “qualquer escalada”, mas assegurava que o país estava “totalmente pronto para defender a sua soberania e integridade territorial”: “Caso a Índia recorra a uma agressão, o Paquistão vai exercer o seu direito à legítima defesa”. Avisava também que a suspensão do tratado do Indo podia ser considerado um “ato de guerra” e prometia agir se Nova Deli agravasse a situação.

Tal como a Índia, o Paquistão reforçou a sua presença militar perto da Linha de Controlo. Na mesma medida, o governo paquistanês expulsou cidadãos indianos de território paquistanês, cancelou a emissão de vistos, considerou diplomatas personae non gratae e suspendeu as trocas comerciais com a Índia.

Como foi a escalada da madrugada desta quarta-feira?

Na Linha de Controlo, houve várias provocações militares nos últimos dias. Os dois países aumentaram a segurança interna da parte de Caxemira que ocupam e detiveram dissidentes e possíveis inimigos. Havia no ar a sensação de que um ataque estaria iminente — e, esta quarta-feira, acabou mesmo por concretizar-se: a Índia levou a cabo ataques aéreos em território paquistanês.

O executivo indiano justificou os ataques denunciando que o Paquistão não tinha feito nada para investigar o atentando e para travar os grupos dentro do seu território. “Apesar de terem passado duas semanas desde os ataques, não há provas de que o Paquistão tenha tomado medidas contra as infraestruturas terroristas no seu território ou sob o seu controlo”, afirmou um dos responsáveis dos Negócios Estrangeiros indiano, Vikram Misri.

A Índia não ficou por aqui. Iniciou também exercícios militares perto da Linha de Controlo e reforçou a sua presença na região, num demonstração de força às autoridades paquistanesas. No ar, ficou sempre a possibilidade de atingir alvos do seu rival histórico e exigia que este provasse de forma “credível e inequívoca” que não teve nada a ver com o atentando.

Por seu turno, o Paquistão criticava duramente o “padrão de aventurismo militar” indiano. “Previsivelmente, momentos depois do recente ataque, a Índia começou a fazer alegações enganosas e sem sustentação contra o Paquistão — sem apresentar qualquer prova ou sem ter começado qualquer investigação credível”, acusou a missão permanente paquistanesa na Organização das Nações Unidas, numa comunicado publicado no X, onde recusou novamente qualquer implicação do país no atentado de 22 de abril.

No mesmo comunicado, a missão paquistanesa indicava que não desejava “qualquer escalada”, mas assegurava que o país estava “totalmente pronto para defender a sua soberania e integridade territorial”: “Caso a Índia recorra a uma agressão, o Paquistão vai exercer o seu direito à legítima defesa”. Avisava também que a suspensão do tratado do Indo podia ser considerado um “ato de guerra” e prometia agir se Nova Deli agravasse a situação.

Tal como a Índia, o Paquistão reforçou a sua presença militar perto da Linha de Controlo. Na mesma medida, o governo paquistanês expulsou cidadãos indianos de território paquistanês, cancelou a emissão de vistos, considerou diplomatas personae non gratae e suspendeu as trocas comerciais com a Índia.

Como foi a escalada da madrugada desta quarta-feira?

Na Linha de Controlo, houve várias provocações militares nos últimos dias. Os dois países aumentaram a segurança interna da parte de Caxemira que ocupam e detiveram dissidentes e possíveis inimigos. Havia no ar a sensação de que um ataque estaria iminente — e, esta quarta-feira, acabou mesmo por concretizar-se: a Índia levou a cabo ataques aéreos em território paquistanês.

O executivo indiano justificou os ataques denunciando que o Paquistão não tinha feito nada para investigar o atentando e para travar os grupos dentro do seu território. “Apesar de terem passado duas semanas desde os ataques, não há provas de que o Paquistão tenha tomado medidas contra as infraestruturas terroristas no seu território ou sob o seu controlo”, afirmou um dos responsáveis dos Negócios Estrangeiros indiano, Vikram Misri.

O diplomata alegou ainda que os serviços secretos indianos preveem novos ataques contra a Índia por parte de células terroristas com base no Paquistão, o que criou uma “obrigação tanto de dissuadir como de prevenir”. Neste contexto, a Índia exerceu o direito de resposta, argumentou Vikram Misri, destacando que as ações foram “proporcionais e responsáveis”, centradas no desmantelamento das infraestruturas terroristas e na neutralização dos terroristas que tentam atravessar a fronteira.

A Índia lançou a operação a que deu o nome “Sindoor” (vermelhão, em português, numa referência à marca que as mulheres hindus casadas usam na testa, como homenagem às viúvas do atentado de 22 de abril) de resposta ao Paquistão. Garantiu que atacou nove locais em que estavam instaladas “infraestruturas terroristas”, assegurando que não atingiu civis, nem mesmo bases militares de Islamabad. “As ações foram focadas, mensuradas e não representam uma escalada”, frisou Vikram Misri.

Já as Forças Armadas paquistanesas negam esta versão. O porta-voz, Ahmed Sharif Chaudhry, indicou que morreram 26 pessoas e 46 ficaram feridas durante os ataques, incluindo duas crianças. Os mísseis indianos, salientou o responsável militar, atingiram dois alvos na região paquistanesa de Pubjab e dois alvos na Caxemira administrada pelo Paquistão. Para além disso, Islamabad acusou a Índia de destruir propositadamente mesquitas.

O diplomata alegou ainda que os serviços secretos indianos preveem novos ataques contra a Índia por parte de células terroristas com base no Paquistão, o que criou uma “obrigação tanto de dissuadir como de prevenir”. Neste contexto, a Índia exerceu o direito de resposta, argumentou Vikram Misri, destacando que as ações foram “proporcionais e responsáveis”, centradas no desmantelamento das infraestruturas terroristas e na neutralização dos terroristas que tentam atravessar a fronteira.

A Índia lançou a operação a que deu o nome “Sindoor” (vermelhão, em português, numa referência à marca que as mulheres hindus casadas usam na testa, como homenagem às viúvas do atentado de 22 de abril) de resposta ao Paquistão. Garantiu que atacou nove locais em que estavam instaladas “infraestruturas terroristas”, assegurando que não atingiu civis, nem mesmo bases militares de Islamabad. “As ações foram focadas, mensuradas e não representam uma escalada”, frisou Vikram Misri.

Já as Forças Armadas paquistanesas negam esta versão. O porta-voz, Ahmed Sharif Chaudhry, indicou que morreram 26 pessoas e 46 ficaram feridas durante os ataques, incluindo duas crianças. Os mísseis indianos, salientou o responsável militar, atingiram dois alvos na região paquistanesa de Pubjab e dois alvos na Caxemira administrada pelo Paquistão. Para além disso, Islamabad acusou a Índia de destruir propositadamente mesquitas.

Numa retaliação imediata, o Paquistão referiu que abateu cinco caças indianos, incluindo três caças Rafale — um dos modelos mais sofisticados que a Índia tem na sua Força Aérea. Até ao momento, o governo indiano ainda não confirmou estas informações.

Como começou a rivalidade entre a Índia e o Paquistão por Caxemira?

As ações mais recentes foram mais uma demonstração da animosidade histórica entre os dois países, que fizeram parte do Império Britânico. No processo de descolonização iniciado após a Segunda Guerra Mundial, o Reino Unido aceitou, em 1947, conceder independência a várias colónias. No sul da Ásia, os britânicos decidiram chegar a acordo e fazer a chamda “Partição”: criou dois estados, um de maioria hindu (a Índia), outro de maioria muçulmana (o Paquistão). Este último incluía não só o que corresponde hoje ao território paquistanês, como também uma região a leste da Índia — que hoje em dia é o Bangladesh.

Porém, a situação de Caxemira ficou indefinida. No Império Britânico, a região era um principado com relativa autonomia, apesar de cooperar com as autoridades da metrópole. Na divisão entre Índia e Paquistão, a Caxemira ficou de parte, cabendo ao marajá Hari Singh escolher a que país desejava pertencer. O líder preferiu manter uma abordagem neutral e esperar algum tempo até tomar uma decisão — mas o governo paquistanês apressou-se e invadiu a zona.

Numa retaliação imediata, o Paquistão referiu que abateu cinco caças indianos, incluindo três caças Rafale — um dos modelos mais sofisticados que a Índia tem na sua Força Aérea. Até ao momento, o governo indiano ainda não confirmou estas informações.

Como começou a rivalidade entre a Índia e o Paquistão por Caxemira?

As ações mais recentes foram mais uma demonstração da animosidade histórica entre os dois países, que fizeram parte do Império Britânico. No processo de descolonização iniciado após a Segunda Guerra Mundial, o Reino Unido aceitou, em 1947, conceder independência a várias colónias. No sul da Ásia, os britânicos decidiram chegar a acordo e fazer a chamda “Partição”: criou dois estados, um de maioria hindu (a Índia), outro de maioria muçulmana (o Paquistão). Este último incluía não só o que corresponde hoje ao território paquistanês, como também uma região a leste da Índia — que hoje em dia é o Bangladesh.

Porém, a situação de Caxemira ficou indefinida. No Império Britânico, a região era um principado com relativa autonomia, apesar de cooperar com as autoridades da metrópole. Na divisão entre Índia e Paquistão, a Caxemira ficou de parte, cabendo ao marajá Hari Singh escolher a que país desejava pertencer. O líder preferiu manter uma abordagem neutral e esperar algum tempo até tomar uma decisão — mas o governo paquistanês apressou-se e invadiu a zona.

Tendo em conta as divisões marcadas pelas diferenças religiosas, o Paquistão justificou a invasão com o facto de a maioria da população de Caxemira ser muçulmana e desejar integrar o país. No entanto, o marajá, que era hindu, recusou entregar o território aos paquistaneses e essa opção obrigou-o a procurar o apoio militar da Índia. Em troca, os indianos exigiram que Caxemira integrasse o país, algo a que Hari Singh não se opôs.

Foi o início de uma guerra em 1947. Tal como ficou prometido pelo marajá, a Índia tinha o direito de anexar Caxemira. Em contrapartida, o Paquistão alegava que maioria da população era muçulmana e, à luz das divisões dos britânicos, fazia sentido que fosse a região fosse integrada no país. Com base nestas posições divergentes, os dois países envolveram-se num conflito sangrento, mas pediram ajuda, em janeiro de 1949, à Organização das Nações Unidas (ONU) para alcançar a um cessar-fogo. A solução foi a atual Linha de Controlo, que vigora até hoje.

Como se desenvolveu o conflito ao longo dos anos?

A solução encontrada pela ONU trouxe um cessar-fogo. Mas este era frequentemente violado por ambas as partes e a desconfiança mantinha-se. Algo que irritou particularmente a Índia aconteceu no início dos anos 60, quando o Paquistão cedeu partes da Caxemira à China, que sempre teve ambições territoriais na região. No entanto, os sucessivos governos indianos recusaram aceitar esse acordo — e dizem que configurou uma violação à sua soberania.

Tendo em conta as divisões marcadas pelas diferenças religiosas, o Paquistão justificou a invasão com o facto de a maioria da população de Caxemira ser muçulmana e desejar integrar o país. No entanto, o marajá, que era hindu, recusou entregar o território aos paquistaneses e essa opção obrigou-o a procurar o apoio militar da Índia. Em troca, os indianos exigiram que Caxemira integrasse o país, algo a que Hari Singh não se opôs.

Foi o início de uma guerra em 1947. Tal como ficou prometido pelo marajá, a Índia tinha o direito de anexar Caxemira. Em contrapartida, o Paquistão alegava que maioria da população era muçulmana e, à luz das divisões dos britânicos, fazia sentido que fosse a região fosse integrada no país. Com base nestas posições divergentes, os dois países envolveram-se num conflito sangrento, mas pediram ajuda, em janeiro de 1949, à Organização das Nações Unidas (ONU) para alcançar a um cessar-fogo. A solução foi a atual Linha de Controlo, que vigora até hoje.

Como se desenvolveu o conflito ao longo dos anos?

A solução encontrada pela ONU trouxe um cessar-fogo. Mas este era frequentemente violado por ambas as partes e a desconfiança mantinha-se. Algo que irritou particularmente a Índia aconteceu no início dos anos 60, quando o Paquistão cedeu partes da Caxemira à China, que sempre teve ambições territoriais na região. No entanto, os sucessivos governos indianos recusaram aceitar esse acordo — e dizem que configurou uma violação à sua soberania.

Em agosto de 1965, a situação piora com o início da segunda guerra entre a Índia e o Paquistão. Guerrilheiros paquistaneses invadem Caxemira e tentam controlar a região. A Índia tem sucesso em travar a ofensiva, mas a mesma só fica oficialmente resolvida em janeiro de 1966 com a assinatura do tratado de Tashkent. E, mesmo num mundo que vivia uma Guerra Fria, a União Soviética e os Estados Unidos desincentivaram os dois lados a iniciar um conflito mais amplo.

Com duas regiões desconexas e divididas geograficamente pela Índia, havia alguns movimentos que desejavam a independência do antigo Paquistão Oriental em relação ao Ocidental. As autoridades indianas não perderam oportunidade de debilitar ainda mais o seu rival e apoiaram militarmente os grupos independentistas na Guerra de Libertação do Bangladesh. O governo central em Islamabad acabou derrotado em 1971, acabando por conceder a independência à região mais oriental do país.

Esta influência indiana na guerra do Bangladesh ainda gerou uma maior animosidade entre as duas partes, que se prolongou nas décadas seguintes. Em 1999, por exemplo, o Paquistão apoiou a infiltração de combatentes na Caxemira administrada pela Índia, desencadeando o conflito de Kargil, numa tentativa de alterar o controlo territorial naquela zona de Caxemira. A Índia voltou a responder, lançando uma operação militar que acabou por ter bastante sucesso.

Em agosto de 1965, a situação piora com o início da segunda guerra entre a Índia e o Paquistão. Guerrilheiros paquistaneses invadem Caxemira e tentam controlar a região. A Índia tem sucesso em travar a ofensiva, mas a mesma só fica oficialmente resolvida em janeiro de 1966 com a assinatura do tratado de Tashkent. E, mesmo num mundo que vivia uma Guerra Fria, a União Soviética e os Estados Unidos desincentivaram os dois lados a iniciar um conflito mais amplo.

Com duas regiões desconexas e divididas geograficamente pela Índia, havia alguns movimentos que desejavam a independência do antigo Paquistão Oriental em relação ao Ocidental. As autoridades indianas não perderam oportunidade de debilitar ainda mais o seu rival e apoiaram militarmente os grupos independentistas na Guerra de Libertação do Bangladesh. O governo central em Islamabad acabou derrotado em 1971, acabando por conceder a independência à região mais oriental do país.

Esta influência indiana na guerra do Bangladesh ainda gerou uma maior animosidade entre as duas partes, que se prolongou nas décadas seguintes. Em 1999, por exemplo, o Paquistão apoiou a infiltração de combatentes na Caxemira administrada pela Índia, desencadeando o conflito de Kargil, numa tentativa de alterar o controlo territorial naquela zona de Caxemira. A Índia voltou a responder, lançando uma operação militar que acabou por ter bastante sucesso.

Os problemas na fronteira das Caxemiras repetiram-se ao longo dos anos. Em 2019, perante a instabilidade existente e de um ataque terrorista, a Índia decidiu retirar a autonomia que concedia à região e o governo central passou a controlá-la diretamente, uma ação que foi criticada pelo Paquistão e também pela população da Caxemira indiana. Desde aí, Nova Deli tem-se esforçado em transformar aquela região num paraíso turístico, num esforço de normalização que acarreta vários desafios de segurança.

Tudo leva a crer que a Índia foi apanhada desprevenida pelos ataques de 22 de abril, apesar da forte presença policial na região. O governo indiano já admitiu os deslizes da segurança, que foram aproveitados pela Frente da Resistência. “Falhámos totalmente [em apurar] as intenções do nosso vizinho hostil”, comentou à Associated Press, Avinash Mohananey, antigo membro das secretas indianas. “Provavelmente, começámos a acreditar na nossa própria narrativa de que as coisas estavam a correr normalmente em Caxemira.”

Quantas ogivas nucleares têm a Índia e o Paquistão?

Algo que faz preocupar o mundo sempre que a tensão se intensifica entre a Índia e o Paquistão é o facto de os dois países terem ogivas nucleares. Desde praticamente a sua fundação, os dois países desenvolveram programas nucleares, tendo como pano de fundo o conflito entre os dois e com outras potências.

Os problemas na fronteira das Caxemiras repetiram-se ao longo dos anos. Em 2019, perante a instabilidade existente e de um ataque terrorista, a Índia decidiu retirar a autonomia que concedia à região e o governo central passou a controlá-la diretamente, uma ação que foi criticada pelo Paquistão e também pela população da Caxemira indiana. Desde aí, Nova Deli tem-se esforçado em transformar aquela região num paraíso turístico, num esforço de normalização que acarreta vários desafios de segurança.

Tudo leva a crer que a Índia foi apanhada desprevenida pelos ataques de 22 de abril, apesar da forte presença policial na região. O governo indiano já admitiu os deslizes da segurança, que foram aproveitados pela Frente da Resistência. “Falhámos totalmente [em apurar] as intenções do nosso vizinho hostil”, comentou à Associated Press, Avinash Mohananey, antigo membro das secretas indianas. “Provavelmente, começámos a acreditar na nossa própria narrativa de que as coisas estavam a correr normalmente em Caxemira.”

Quantas ogivas nucleares têm a Índia e o Paquistão?

Algo que faz preocupar o mundo sempre que a tensão se intensifica entre a Índia e o Paquistão é o facto de os dois países terem ogivas nucleares. Desde praticamente a sua fundação, os dois países desenvolveram programas nucleares, tendo como pano de fundo o conflito entre os dois e com outras potências.

Segundo dados do Instituto Internacional pela Pesquisa da Paz em Estocolmo, a Índia possui 172 ogivas nucleares, enquanto o Paquistão 170. Segundo um relatório daquele órgão, os dois países continuam a desenvolver o seu arsenal nuclear, ainda que a Índia esteja também a fazê-lo por estar preocupada com o poderio da China.

Nenhum dos países é signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, o que implica que nem a Índia, nem o Paquistão se comprometeram a não usar aquele armamento no futuro.

Segundo dados do Instituto Internacional pela Pesquisa da Paz em Estocolmo, a Índia possui 172 ogivas nucleares, enquanto o Paquistão 170. Segundo um relatório daquele órgão, os dois países continuam a desenvolver o seu arsenal nuclear, ainda que a Índia esteja também a fazê-lo por estar preocupada com o poderio da China.

Nenhum dos países é signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, o que implica que nem a Índia, nem o Paquistão se comprometeram a não usar aquele armamento no futuro.

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *